Claudia Valladão de Mattos (para Revista de História da Biblioteca Nacional, em 11/11/2010)
Convivendo com notícias alarmantes sobre a iminente destruição do planeta, mulheres e homens do século XXI lidam diariamente com a questão ambiental. Mas uma série de pesquisas realizadas nos últimos anos tem demonstrado que o tema está na ordem do dia há muito mais tempo, pelo menos desde o século XVII. Nessa época, a ciência já se via às voltas com a “teoria do dessecamento”, segundo a qual a destruição da vegetação nativa estava intimamente ligada às mudanças climáticas no planeta, que causavam a redução da umidade, das chuvas e dos mananciais de água.
No Brasil, o debate em torno da questão também começou bem antes do que se imaginava. Em seu livro pioneiro, Um Sopro de Destruição, o historiador carioca José Augusto Pádua revelou que, já no início do século XIX, a destruição das florestas brasileiras estava na agenda de políticos, intelectuais e artistas de grande relevo, como José Bonifácio, Joaquim Nabuco, Januário da Cunha Barboza, Gonçalves Dias e Manuel Araújo Porto Alegre.